Lucas Terra — Foto: Reprodução/TV Bahia

Muita gente não conhece a história do rapaz de 15 anos da Bahia que foi queimado vivo, teve o corpo jogado num terreno baldio e teria sido estuprado por dois pastores e um bispo da Igreja Universal do Reino de Deus. Nenhuma linha desse acontecimento foi noticiada em nenhum veículo de comunicação do Grupo Record, nem no Brasil e nem no exterior. Ué, mas não é a Record que prega o "jornalismo verdade", mas é jornalismo que só fala a verdade que os convém, esconde muitas verdades que só são noticiadas pelos outros canais porque também não envolvem nenhum Marinho, Abravanel ou Saad, até porque vamos ser sincero: TODO MUNDO FAZ ISSO NO JORNALISMO, não sejamos hipócritas.

Queria ver se no lugar de dois pastores e um bispo da Igreja Universal, estivessem um presidente de um partido político e mais dois membros do mesmo partido. Digamos que eles fossem do PT, pronto, o Brasil 247 já não noticiaria ou até diria que é uma mentira da "grande imprensa", ué mas eles não são os "independentes" que fazem o "verdadeiro jornalismo". Não são não, o Brasil 247, o Intercept e tantos outros meios de comunicação da esquerda fazem igualzinho a Igreja Universal faz em suas empresas de comunicação, mostram a verdade que "os convém" ao seu público, tratando eles como se fossem verdadeiros idiotas. E digo o mesmo para os veículos ditos "independentes" da direita, só muda a abordagem, mas a forma é a mesma.

Aquele jornalismo da faculdade que a gente aprende que nada pode ser escondido do público e que a notícia está em primeiro lugar, não existe na prática. O que existe é uma grande mistura de "prostituição ideológica" com "propaganda disfarçada" para agradar o patrão. Quem não se submete a isso, vai para as assessorias de imprensa, empresas pequenas de comunicação, call-centers, troca de profissão ou até mesmo vira um militante político, como no meu caso.

Por isso que eu digo, quando você for ler uma notícia, leia ela em todos os veículos e aí sim forme a sua opinião. Não seja uma "vaquinha de presépio", pense, ainda é de graça. A maioria dos jornalistas não tem mais opiniões, até porque o patrão não deixa, se repete aquilo que o departamento comercial ou até mesmo o próprio dono quer que seja publicado. Não caiam nessa balela de que existe "mídia independente", toda mídia tem opinião favorável e contrária a alguma coisa, o suposto "não ter opinião" já é um posicionamento, o posicionamento de querer agradar todo mundo.

E para finalizar: um meio de comunicação que tem uma opinião igual a sua não quer dizer que ele está falando a verdade, muitas das vezes ele pode estar mentindo, omitindo ou falando coisas que não procedem para ter o seu engajamento.

Agora se atendo aos fatos descritos no caso Lucas Terra: ele foi queimado vivo em 2001 e, 22 anos após o homicídio, os pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva foram julgados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Os três agravantes para o homicídio são: o motivo torpe, o emprego do meio cruel e a impossibilidade de defesa da vítima.

O adolescente tinha 14 anos. Ele também teria sido estuprado pelos pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva, após flagrar uma relação sexual entre os dois, dentro de um templo da Igreja Universal do Reino de Deus, na capital baiana.

Demorou-se para julgar o caso, até porque os três tinham a blindagem direta do canalha-mor do bispo Edir Macedo, recorreram até ao Supremo Tribunal Federal para ver se a liberdade saía e após 22 anos de espera, finalmente chegou o dia do veredito final para esses três canalhas. Fernando Aparecido e Joel Miranda foram condenados à 21 anos de prisão.

A pergunta é: eles vão cumprir os 21 anos ? Claro que não, o nosso Código Penal é um lixo e ele já deveria ter sido revisto há anos, ao invés de discutirem CPMIs inúteis e projetos inconstitucionais para regular a internet, sabendo que já existe o Marco Civil da Internet, porque não se acaba com a maldita "saidinha por bom comportamento".

Oras, não faz sentido algum soltar três bandidos após cumprirem 10 anos de pena por "bom comportamento na prisão", isso é um prêmio a impunidade. Quando eu propus a minha candidatura à deputado federal no ano passado, era para justamente chamar a atenção para o fim de iniciativas como essa que só servem para promover esse sentimento de falta de punição.

Nós temos um Código Penal robusto, mas ultrapassado, é da década de 40, inspirado no Código Penal da Itália fascista de Mussolini e que prevê um monte de brechas legais para que quem tenha R$ saia da cadeia o mais rápido possível e quem não tenha fique lá mofando, mesmo que seja inocente de seus supostos atos.

Mas tirando os pormenores, espero que eles fiquem bastante tempo na cadeia, para servirem de exemplo aos degenerados que existem por aí e que não cometam crimes escabrosos como esse aí. Desejo que a mãe do rapaz fique bem podendo ver a justiça sendo feita e o pai já finado esteja podendo finalmente descansar em paz com a sensação de dever cumprido. Sabemos que a punição não trará o filho de volta, mas ver a justiça triunfar trás uma boa sensação de que virão dias melhores por aí.